Durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, realizada na última terça-feira (23), a prefeita de Canaã dos Carajás, Josemira Gadelha, reconheceu os impactos da mineração no cotidiano da população local, especialmente no custo de vida. No entanto, a gestora deixou a audiência sem apresentar qualquer proposta concreta para enfrentar o problema.
Josemira destacou que em Canaã “os aluguéis são caros demais, os alimentos são caros demais, os serviços são caros demais”, atribuindo esses preços à influência da atividade mineradora. Ela também citou uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Municípios Mineradores (AMIG), que teria concluído que o custo de vida em cidades mineradoras do interior pode superar o da capital, Belém.
Apesar das constatações, a prefeita não apresentou nenhuma medida concreta, programa social ou plano de ação municipal para equilibrar a balança econômica da cidade. O silêncio sobre alternativas para garantir moradia acessível, alimentos com preços justos ou serviços públicos eficientes.
A audiência teve como foco os impactos da mineração em municípios diretamente afetados por grandes empreendimentos extrativistas. Canaã dos Carajás, sede de um dos maiores projetos de mineração de ferro do mundo, é um exemplo clássico de cidade que experimenta crescimento econômico sem a devida distribuição de benefícios para sua população.
A fala da prefeita evidenciou a distância entre o diagnóstico e a ação efetiva, reforçando a percepção de que o município segue refém de uma economia altamente concentrada e com pouca regulação social onde a população paga a conta do progresso, sem garantias de qualidade de vida.