Uma das cidades mais ricas do Brasil, amarga um resultado preocupante na área da educação. Mesmo com investimentos milionários, os números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostram estagnação e baixo avanço no aprendizado dos alunos da rede municipal.
Entre 2019 e 2023, o investimento por aluno mais que dobrou, saltando de R$ 12.744,14 para R$ 24.344,09, segundo dados oficiais. No entanto, o Ideb praticamente não evoluiu. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a nota passou de 5,1 para 5,2, e nos anos finais, de 4,2 para 4,4, avanços considerados mínimos, especialmente para um município que arrecada bilhões em royalties da mineração.
Enquanto Canaã dos Carajás vê sua educação emperrada, cidades menores e com orçamentos muito inferiores deram exemplo de eficiência. Curionópolis, por exemplo, teve investimento por aluno de apenas R$ 11.131,80 em 2023, menos da metade do valor gasto por Canaã, e alcançou Ideb de 5,7 nos anos iniciais e 5,0 nos anos finais. Outros municípios da região, como Eldorado dos Carajás, Sapucaia e Rio Maria, também superaram Canaã nos indicadores de qualidade da educação.
Os resultados mostram que não é a falta de recursos o problema, mas sim a gestão e o foco nas políticas pedagógicas.
A administração da prefeita Josemira Gadelha (2021–2024) tem destacado os altos investimentos em educação, mas os números revelam um cenário bem diferente. Moradores e professores apontam falta de planejamento, acompanhamento pedagógico e resultados concretos.
A polêmica aumentou após o secretário de Educação, Leonardo Oliveira, responder a um comentário em publicação da Secretaria Municipal de Educação sobre o Saeb, com um texto cheio de erros ortográficos. A resposta viralizou nas redes sociais e gerou indignação entre os moradores:
“Se o secretário escreve assim, o que esperar dos alunos?”, questionou um internauta.
Mesmo com recursos recordes, Canaã dos Carajás enfrenta um dos maiores desafios da atual gestão: transformar investimento em aprendizado real. Enquanto os números seguem estagnados, o contraste com municípios vizinhos reforça a percepção de que dinheiro sem boa gestão não garante educação de qualidade.



