A administração municipal de Novo Repartimento (PA), liderada pelo prefeito Valdir Lemes Machado, volta ao centro de uma polêmica que reacende o debate sobre o uso da máquina pública para favorecimento pessoal e familiar. A filha do gestor, Ana Karoline de Almeida Machado, ocupa cargos comissionados desde 2021 e, em 2025, passou a acumular a função de secretária municipal e médica da rede pública de saúde, situação que pode configurar acúmulo ilegal de cargos públicos.
Logo no início do primeiro mandato de Valdir Lemes, Ana Karoline foi nomeada como Secretária Municipal de Gabinete por meio da Portaria nº 0001/2021, recebendo um salário bruto de R$ 11 mil. Apesar da carga horária prevista de 40 horas semanais, documentos e registros acadêmicos apontam que, no mesmo período, ela cursava Medicina em período integral na FACIMPA, em Marabá (PA) cidade localizada a cerca de 200 km de Novo Repartimento.
Listas de presença, trabalhos acadêmicos e registros de aulas práticas comprovam sua presença ativa no curso, levantando questionamentos sobre como conciliava a rotina intensa da faculdade com a suposta jornada integral na Prefeitura. Ainda assim, a folha de pagamento confirma que Ana Karoline recebeu remuneração integral, com salário líquido de R$ 8.193,81 por mês.
Após concluir o curso de Medicina em 2025, Ana Karoline foi novamente nomeada para cargo comissionado, desta vez como Secretária de Cultura e Turismo, conforme a Portaria nº 0008/2025. Paralelamente, passou a atuar como médica em um posto de saúde de Novo Repartimento, também com remuneração pública.
A atuação simultânea em dois cargos remunerados, ambos exigindo dedicação, viola princípios da administração pública e pode configurar acúmulo ilícito de funções, conforme a Constituição Federal e a Lei 8.112/90. O caso já é alvo de críticas e pedidos de investigação por parte de servidores públicos e representantes da sociedade civil.
A Prefeitura de Novo Repartimento ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso até o momento.
